terça-feira, 15 de julho de 2008

Brisa

Brisa

Que hoje eu não sinta medo e possa caminhar
Que hoje seja tempo de se comemorar
Que não venha a noite
Que hoje seja o sempre para nós

Que me desfaça em tantas partes,
tantas quanto precisar
pra que meu corpo seja parte
de tudo mais que há
Que eu seja o infinito,
o tesouro mais rico a te encantar

Que hoje eu seja o sussurro
que canta alegre os seus sonhos
Que hoje eu seja um cometa
pra te levar a Urano, Vênus, Marte
Que eu seja a neve dos Alpes,
a frase mais importante,
e o objetivo distante pra te alcançar
Que eu seja o amor em tua face

Que eu seja seus passos,
seu rastro e sua força pra chegar
Que eu seja o gosto do fruto
mais certo pra te saciar
Que eu seja o dia, o mundo, o tudo
se o tudo em ti está

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Pri.são

Discriminar o tempo
O espaço e o infinito
Formular conceitos que explicam tudo

Desconstruir a sorte
Provar com meus cogitos
Que todo o percebido não passa de ilusão

Do que me vale então saber
que a razão de ser você
nunca terá alguma coisa a ver comigo?

Do que me vale a pretensão
De com meus pés correr o chão
Se não há paz lá no final do meu caminho?

Acordo e o café me tomar
Dois golpes pra comer arroz
Carboidratos no sistema geram erros na rotina

Sou Einstein, mas hoje faltei
Fiquei na cama a meditar
Alimentando a poesia que Neruda não ousou

E sigo meus instintos
de obedecer meus medos
vou ter mil argumentos
pra negar meus sonhos

E se eu sentir mais forte
um errado desejo
disfarço te dizendo
que controlo tudo

Do que me vale então querer
se a vontade em mim vai ser
só a metade do que basta a tudo isso?


Do que me importa um coração
se posso ter meus pés no chão
não me perder em suas promessas, seus sorrisos?

Esconde-esconde pra deitar
despisto um pensamento ou dois
mas sonho uma semana inteira
que você é minha retina

Não lembro mais onde deixei
o meu estoque de gostar
e hoje estou tão indefesa
com você na minha vida

Se chega, pensa, fica ou vai
Se vai não diz pra onde foi
Se fica não sei por que veio
e o que será depois

Entrelinhas

Me despeço, escondo o rosto
Ninguém precisa enxugar meu pranto
Conheço bem as regras deste jogo
e aprendi como jogar:
cada um vai pro seu canto
e é certo que amanhã seremos outros
teremos traçado novos planos
novas formas de ganhar

Enquanto a vida vai nos empurrando
pelo menos nunca precisamos
pensar em como faz falta
não ter mais nossos momentos

Se por acaso estiver por perto
Apareça para eu saber como está
Me dá um abraço e um beijo
Me contenho e não te peço pra voltar

Finjo e minto pra mim mesmo
Me convenço que está tudo certo
e que o mundo é um grande campo aberto
para um novo despertar

Leia as cartas que te mando
Nas entrelinhas escondi meus sonhos
Na esperança de que os seus olhos
te fizessem enxergar
que onde digo “está tudo certo”
estou escondendo, talvez de mim mesmo,
que ainda te amo e vou te amar
faço de conta que te esqueço

Tudo bem estou bem certo.
Ao menos não deixei de te contar
E guardarei comigo mesmo
que te tive e isso não dá pra apagar