terça-feira, 15 de julho de 2008

Brisa

Brisa

Que hoje eu não sinta medo e possa caminhar
Que hoje seja tempo de se comemorar
Que não venha a noite
Que hoje seja o sempre para nós

Que me desfaça em tantas partes,
tantas quanto precisar
pra que meu corpo seja parte
de tudo mais que há
Que eu seja o infinito,
o tesouro mais rico a te encantar

Que hoje eu seja o sussurro
que canta alegre os seus sonhos
Que hoje eu seja um cometa
pra te levar a Urano, Vênus, Marte
Que eu seja a neve dos Alpes,
a frase mais importante,
e o objetivo distante pra te alcançar
Que eu seja o amor em tua face

Que eu seja seus passos,
seu rastro e sua força pra chegar
Que eu seja o gosto do fruto
mais certo pra te saciar
Que eu seja o dia, o mundo, o tudo
se o tudo em ti está

Um comentário:

Eu, um outro disse...

Isso me lembrou um soneto de Florbela:
BLASFÉMIA

Silêncio, meu Amor, não digas nada!
Cai a noite nos longes donde vim...
Toda eu sou alma e amor, sou um jardim,
Um pátio alucinante de Granada!

Dos meus cílios a sombra enluarada,
Quando os teus olhos descem sobre mim,
Traça trémulas hastes de jasmim
Na palidez da face extasiada!

Sou no teu rosto a luz que o alumia,
Sou a expressão das tuas mãos de raça,
E os beijos que me dás já foram meus!

Em ti sou Glória, Altura e Poesia!
E vejo-me -- milagre cheio de graça! --
Dentro de ti, em ti igual a Deus!...