sábado, 28 de junho de 2008

Cordeiros

Pula as ondas rente
e se tocar o chão
troca o azul por verde
Brinca de inventar na contramão
Joga para cima, faz malabarismos
Decide quando vai recriar
o céu, o inferno, o paraíso,
a vida e tudo mais
Por favor, devolva meus sentidos
Não me faz sofrer

Me olha de frente
e diz que há razão
Para esse seu destino
de fazer o mal como missão

Se publique a alforria dos cordeiros
Liberte a sedução
Abolida a escuridão em seu espelho,
decreta a prisão
do seu ódio, do seu pranto, do seu medo,
do seu mundo de terror

Vou adestrar serpentes do Khmer Vermelho
Dormir com o Fatah
E acolher em paz o amor no braço armado
dos filhos do Islã
Semear um maremoto em gestos meigos
de dois mil megatons

Num sussurro destruir um reich inteiro,
brincar com o Hezbollah
E depois de um dia do cotidiano
espero te encontrar num sofá
em nossos campos de centeio,
te preparar um chá

Por favor, me explique os motivos
desse seu ódio sem perdão.

Um comentário:

Lui disse...

Quem é o Cordeiro?
Na minha opinião, Cordeiro é o desidioso que adere a este ou aquele discurso (do dominante ou do dominado), e gasta sua vida se chamando de "singular" sem perceber-se indistinto da massa bovina.
Cordeiro é quem perde a oportunidade, quem perde o tempo, quem perde o bonde.
Cordeiros somos nós.