sábado, 28 de junho de 2008

A dona do tempo (poema concretista e musicado)

Nos pés: passos, portos,
pedras - perigos

Na ponte: o perto
Nos olhos: instantes
Nos lábios: leitos
Nos braços versos

No pó: parcas partes do "por inteiro"

No por diante: os fogos intensos
[de artifícios] de seus amantes

De qual calvário cai a cola
que conserta o coração calado pela dor?
(da força do tempo?)

Da luz lançando à lua longas ledas lilianas de amor?
(são remédios da paixão?)

Ossos: ondas: odes: orifícios
Ódios - olhos de Condor
(virtude e verdade?)

A fera fere firme e forte
a fraca e fria farsa deste nós
(delírios da esperança!)

Se...

Toda ternura é tonta, é troça: tensões

Palavras: perfeitas promessas: prisões

Sonsas, severas, suaves: sensações
bradando bélicas belezas: boçais

(Garotos guerreando em grave gostar)
Esperam extasiados se entregar
a eternas Evas encantadas
que são serpentes sábias
(semeando o prazer no mundo?)

Se a dona do tempo
vivesse entre a alma e os lábios
Eu só diria o certo
[e esqueceria o que é errado]

Voltando em vultos
e viciando a voz que vai no coração
{minhas confissões de desejos}

Um comentário:

Lui disse...

É uma pena que o blog não aceite a formatação original deste poema. Como vcs devem saber, um dos pontos fortes da poesia concreta é a forma visual.

Um dia consigo reproduzir a mesma estrutura que o poema tem no papel.